domingo, 27 de julho de 2008

Leva a lenha

Eu não te amo.
Tenho por ti, talvez, sentimento nenhum.
Sinto em ti, vampiro, um vazio incomum.
Uma trizteza desesperadora, que quase me comove.
E me contagia.
Talvez haja algum canto do meu coração teu, sim...
Bastante pequeno.
Mas, ainda assim, maior do que o amor que dizes sentir,
já que em meu peito,
o órgao que pulsa é do tamanho da minha alma.
e o teu,
bem,
nem sei dizer se tu guardas algo de vida em ali.
Tua existência
é devida a palavras escondidas, aprendidas, repetidas,
nem tu sabes o que siginifica teu mundo e tua vida
E eu aprendi o quanto isso é perigoso.
Caí no buraco negro que é teu sentimento,
no vácuo em que manténs aqueles de quem dizes gostar.
Mas fugi, não quero mais.
Não quero mais.
Não vou mais.
Adivinhar.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

bruta flor

Não sei o que eu tenho. Se faço, ou sinto. Se espero. Eu quero.
Não lembro de quando, nem imagino como. Por que desejo? Eu tenho...
Se fico, se corro. Toda noite eu morro, de manhã renasço. Não canso.
Me esqueço, me cuido. Te amo, te amo mais, te amo de novo. Não minto.
Eu beijo, eu mordo. Eu como e eu cuspo. Eu fujo, eu busco. Eu mato!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Hotplay

Tá, eu sei.
Trago em mim a genética e germânica "certeza".
Mas por alguma estranha razão,
eu me entrego.
Em tortas formas, eu confio.
E te dou minha estrela secreta, afinal...

"I never meant to cause you trouble,
And I never meant to do you wrong,
And I, well if I ever caused you trouble,
O no, I never meant to do you harm."

And I don't want to be alone.

sábado, 12 de julho de 2008

Da entropia

Na cadeira. Ela lia revistas antigas em frente à lareira, a teve ligada só para preencher ambiente. Preciso fazer várias coisas ao mesmo tempo, que saco, pensava. Por que não me concentro, não relaxo, para alguns até uma novela faz sentido, culpava-se. E no momento seguinte relia o parágrafo que acabara sem fazer sentido. Seguia adiante, o mesmo processo de leitura seguida de devaneio seguido de insitência nas palavras. Nada pode ser tão difícil. Talvez a notícia que vira memória que vira nada seja mesmo sem sentido, mas... não. Preciso entender o que acontece, ver além do pórtico de entrada da cidade. Muito acontece, agora. A vida continua sendo vivida no mundo, ainda que ela só apareça para mim em leads, parágrafos informativos, fotos, legendas, insiste. Na ânsia de absorver o mundo, ela pára. O rádio ligado, a tevê piscando, as letras no jornal: todos dão a mesma história. Tudo bem. Já entendi, vamos para a página seguinte, e mais um chimarrão.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

felizes para sempre

as paredes caíram
e a casa vem desabando em cima da mobília e da memória

só ficaram os pequenos, chorando
e aqueles que os pariram
julgam-se curados
se juram perdoados
eles nunca vão entender.

The Truman Show

pobre menino
nasceu vigiado
sob os olhos de deus, do mundo e do juízo dos homens
para expiar seus pecados
e fazê-los rir e chorar.

pobres homens
já não sabem viver
eles assistem
vibram, sofrem, torcem.
(apenas)

pobre menino,
pobres meninos,
crianças
vêm trazer luz a quem já não sabe enxergar.

Lembranças de Babylon

Esta noite sonhei contigo. Foi um sonho doído, com um misto de alegrias, vontades, desejos, tristezas. Foi um sonho quente, de uma quase realidade assustadora. Tenho pensado em ti, tenho sentido saudades. Tristes saudades de algo que não posso ter. Não me desejas, e esta é minha desgraça e minha redenção. E enquanto sobrevivo, passo por cima dos dias e te encontro no meu próprio íntimo. Dentro de mim.
Tua morenice me congela quando sinto, e aquele cheiro e aquele sonho de amor não me abandonaram mais. Não me desejas, e este é meu lamento e meu consolo. Sonhos de algo que não aconteceu. Lembranças de uma paixão engraçada, leve, gostosa. Assim como teu corpo. Uma paixão flamenca de danças e motéis e saudades e loucuras. Nos desejamos desde o primeiro dia. O resto foi o resto, e isso nunca é pouco, embora não seja o suficiente. Precisávamos de muito mais.