quarta-feira, 5 de março de 2008

Bicho

Hoje entrou um bicho no meu olho, Agora há pouco. Odeio quando isso acontece. Tenho mais ou menos umas duzentas variações de alergia, não é incomum surgirem bolsas inchadas por causa de uma mosquinha de banana ou qualquer coisa voadora que resolve pousar em mim. Eles não têm o mínimo respeito, estes insetos. Chegam junto mesmo, não perguntam se devem, se podem, se são bem-vindos. Ora, no olho! O OLHO. É meu, né? Respeito! Depois fico mal, ainda tenho alergia aos anti-histamícos. E as pessoas me chamam hipocondríaca. Ah, tive que aprender um pouco sobre remédios e venenos para me proteger deles. Aliás, acho legal esta consiciência (que nem todo mundo tem) de que eles são a MESMA COISA, só diferem na dose. Remédio mata. Isso deveria vir escrito na bula de todos eles.
Esta sensibilidade e hiperatividade das histaminas no meu corpo, na verdade, falam muito mais sobre mim do que percebem os seres sapientes que me rodeiam (como moscas?). Sou muito sensível, e me atrapalho bastante com isso. Compreendo sensibilidade como a condição de perceber e estar vulnerável ao mundo, a tudo o que me cerca. Às pessoas, aos gestos, às palavras, aos vícios, aos pensamentos, às idéias. Às saudades também. Já me perdi mais, é verdade, já sofri mais, hoje tento o equilíbrio. Mas sem estes papos místicos e religiosos, porque acho religião coisa de preguiçoso, de quem não quer pensar e evita fazer muitas perguntas ou ir muito a fundo naquilo que duvida. Pois eu duvido. Muito. Pergunto, mesmo. Desconfio. Bem, um dia chego lá. Um dia eu consigo que o mundo desista de entrar no meu olho.

Um comentário:

Eduardo Neto disse...

e ter alergias nao seria uma forma de ter preguiça de deixar o mundo entrar pelos olhos?
E dá-lhe hipocondríaca!
se for necessário, eu viro também. Quero que o mundo continue invadindo meus olhos.