terça-feira, 25 de novembro de 2008

Devir

Devir é um conceito filosófico que qualifica a mudança constante, a perenidade de algo ou alguém. Surgiu primeiro em Heráclito e em seus seguidores; o devir é exemplificado pelas águas de um rio, “que continua o mesmo, a despeito de suas águas continuamente mudarem.” Devir é o desejo de tornar-se. Recebe também a acepção Nietzscheriana do "torna-te quem tu és", usada em um dos seus escritos.Traduz-se de forma mais literal a eterna mudança do ontem ser diferente do hoje,nas palavras de Heráclito:"O mesmo homem não pode atravessar o mesmo rio, porque o homem de ontem não é o mesmo homem, nem o rio de ontem é o mesmo do hoje".

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.




terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pari passu

O ato de pensar em ti
- é estranho -
me faz comprimir os lábios e quase cerrar os olhos, numa careta de amor, enquanto projeto o queixo - um pouco, mas só um pouquinho, bem de leve - para a frente.
Ação quase mágica, de tão automática...
Ação reflexa.
E bonita, também...
talvez isso diga algo do meu sentimento
ou da configuração única desse desejo louco.

O que é certo, fato concreto,
é esse carinho bom
que tua lembrança traz em uma onda de uns dois metros, mais ou menos.
É assim que, inundada, sentindo a correnteza puxar, me traduzo em contrações quase involuntárias nos músculos do rosto.
Ingratos.
Me entregam sem nem remorso tentar.

domingo, 27 de julho de 2008

Leva a lenha

Eu não te amo.
Tenho por ti, talvez, sentimento nenhum.
Sinto em ti, vampiro, um vazio incomum.
Uma trizteza desesperadora, que quase me comove.
E me contagia.
Talvez haja algum canto do meu coração teu, sim...
Bastante pequeno.
Mas, ainda assim, maior do que o amor que dizes sentir,
já que em meu peito,
o órgao que pulsa é do tamanho da minha alma.
e o teu,
bem,
nem sei dizer se tu guardas algo de vida em ali.
Tua existência
é devida a palavras escondidas, aprendidas, repetidas,
nem tu sabes o que siginifica teu mundo e tua vida
E eu aprendi o quanto isso é perigoso.
Caí no buraco negro que é teu sentimento,
no vácuo em que manténs aqueles de quem dizes gostar.
Mas fugi, não quero mais.
Não quero mais.
Não vou mais.
Adivinhar.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

bruta flor

Não sei o que eu tenho. Se faço, ou sinto. Se espero. Eu quero.
Não lembro de quando, nem imagino como. Por que desejo? Eu tenho...
Se fico, se corro. Toda noite eu morro, de manhã renasço. Não canso.
Me esqueço, me cuido. Te amo, te amo mais, te amo de novo. Não minto.
Eu beijo, eu mordo. Eu como e eu cuspo. Eu fujo, eu busco. Eu mato!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Hotplay

Tá, eu sei.
Trago em mim a genética e germânica "certeza".
Mas por alguma estranha razão,
eu me entrego.
Em tortas formas, eu confio.
E te dou minha estrela secreta, afinal...

"I never meant to cause you trouble,
And I never meant to do you wrong,
And I, well if I ever caused you trouble,
O no, I never meant to do you harm."

And I don't want to be alone.

sábado, 12 de julho de 2008

Da entropia

Na cadeira. Ela lia revistas antigas em frente à lareira, a teve ligada só para preencher ambiente. Preciso fazer várias coisas ao mesmo tempo, que saco, pensava. Por que não me concentro, não relaxo, para alguns até uma novela faz sentido, culpava-se. E no momento seguinte relia o parágrafo que acabara sem fazer sentido. Seguia adiante, o mesmo processo de leitura seguida de devaneio seguido de insitência nas palavras. Nada pode ser tão difícil. Talvez a notícia que vira memória que vira nada seja mesmo sem sentido, mas... não. Preciso entender o que acontece, ver além do pórtico de entrada da cidade. Muito acontece, agora. A vida continua sendo vivida no mundo, ainda que ela só apareça para mim em leads, parágrafos informativos, fotos, legendas, insiste. Na ânsia de absorver o mundo, ela pára. O rádio ligado, a tevê piscando, as letras no jornal: todos dão a mesma história. Tudo bem. Já entendi, vamos para a página seguinte, e mais um chimarrão.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

felizes para sempre

as paredes caíram
e a casa vem desabando em cima da mobília e da memória

só ficaram os pequenos, chorando
e aqueles que os pariram
julgam-se curados
se juram perdoados
eles nunca vão entender.

The Truman Show

pobre menino
nasceu vigiado
sob os olhos de deus, do mundo e do juízo dos homens
para expiar seus pecados
e fazê-los rir e chorar.

pobres homens
já não sabem viver
eles assistem
vibram, sofrem, torcem.
(apenas)

pobre menino,
pobres meninos,
crianças
vêm trazer luz a quem já não sabe enxergar.

Lembranças de Babylon

Esta noite sonhei contigo. Foi um sonho doído, com um misto de alegrias, vontades, desejos, tristezas. Foi um sonho quente, de uma quase realidade assustadora. Tenho pensado em ti, tenho sentido saudades. Tristes saudades de algo que não posso ter. Não me desejas, e esta é minha desgraça e minha redenção. E enquanto sobrevivo, passo por cima dos dias e te encontro no meu próprio íntimo. Dentro de mim.
Tua morenice me congela quando sinto, e aquele cheiro e aquele sonho de amor não me abandonaram mais. Não me desejas, e este é meu lamento e meu consolo. Sonhos de algo que não aconteceu. Lembranças de uma paixão engraçada, leve, gostosa. Assim como teu corpo. Uma paixão flamenca de danças e motéis e saudades e loucuras. Nos desejamos desde o primeiro dia. O resto foi o resto, e isso nunca é pouco, embora não seja o suficiente. Precisávamos de muito mais.

terça-feira, 8 de julho de 2008

I won't be afraid.

às vezes me bate uma vontade e eu faço.
em outras, ela vai embora e eu fico.
enquanto as horas os dias
estações e anos se seguem
vou contruindo minha história
escrevendo
em telas brancas
que não repondem
não contrapõem,
mas me recebem e me aceitam.
me entendem enquanto eu mesma consigo ver
que não se trata de mim.
que a dor e a dúvida
são universais assim como o amor
e a música, que me segura e mantém no curso de não sei o quê.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

...e se você quiser, por suas próprias mãos.

a menina caminhava na calçada.
antes de atravessar a rua, parou.
olhou para os dois lados,
viu dois carros e uma moto
e continou caminhando.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Talacemia

estou morrendo pelas mãos
só por causa do teu abandono...
definitiva
e literalmente
estás me comendo pelas beiradas.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Dos plátanos nus

que caiam as paredes,
quebrem-se os quadros,
até que o chão esteja coberto de lixo
nossos escombros,
nossa sujeira...
já não dá para esconder.

que venha abaixo o mundo.
afinal, a terra já começou a tremer.
não me diga que não sentes,
não mente assim para mim.
não me diga que não sabes,
não sou tão burra assim.

que morra nosso amor
de inanição, um pouco
outro tanto de assassínio
ou suicídio.
que eu não me mate por ti
e tu não mais chore por mim
não valemos a pena
não merecemos tanto sofrimento...
(e, além disso, o inverno chegou).

Broken heart

O bom dia

Hoje acordei diferente.
Eu não tinha mais lágrimas na alma, ou lamúrias nos olhos. Só as olheiras denunciavam meu cansaço, mas... não era nada, não: uma noite maldormida, como já tive várias.
Hoje acordei bem-disposta.
Disposta a dar bom dia ao sol e às ruas cheias de carros, aos prédios altos e suas sacadas pendentes. Hoje acordei com vontade.
Não quero te ver, que bom. Passou. Ufa! Ai como tu me cansou. Quantas noites dormi mal por ti! Dormimos... não fui só eu. Não nos deixávamos descansar, a dor latente do amor, o sofrimento subentendido da paixão... quem não conhece isso? quem nunca se apaixonou? alguém não teve medo?
Eu acho mesmo a felicidade do amor bastante parecida com a angústia. É uma satisfação ansiosa, como que pressentindo o sofrimento certo vindouro. A dor sempre chega, um dia. Quem também não sabe disso?
Mas... "daqui para a frente tudo vai ser diferente". Eu vou ser diferente. Porque a paz já chegou e já não importam traições e segredos. Já não me interessa quem tu és. Não quero mais saber... e por favor, não me fale, não me fale de amor. Não cometa, não transgrida. Tua boca não merece meu nome.

domingo, 22 de junho de 2008

O bom fim

Sempre soube que eu teria que te deixar.
Desde o início.
O que eu não sabia é que essa ia ser a melhor parte.

Feliz, feliz.

depois que te vi, ontem,
me senti tão suja
mas tão suja,
que cheguei em casa e passei leite de colônia no corpo todo.
Já botei algodão na lista do súper.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Nem só de mim vivo eu

Sim, sim. Eu sei.
Nem só de mim vivo eu.
Eu vivo de comida, bebida.
Cigarro.
Eu vivo de cheiro, de calor.
De barulho e silêncio...
Alegria?
De dor.
Vivo de felicidade e esperança;
Eu vivo é de amor!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

mother's coffee

deixa eu te olhar,
por que a timidez?
ah, quero te ver
para gravar tua forma
tua cor eu já sei, de cor
e enxergava teu corpo antes de conhecer
posso até te desenhar de memória, agora...
mas deixa eu olhar, vai.
quero brincar de ti.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

dialoguética

Eu amo.
é... não sei.
acho que amo.
porque quero tudo...
e, quase sempre, amo.
então, desta vez, não deve ser diferente,
deve ser amor.
tem que ser amor.
mas...
pode ser amor?
e se puder,
quero eu que seja amor?
e, se eu quiser, será?
seria?
tu queres?
e se tu quiseres...
vai ser?
e se vier a ser, como será?
o amor...
como saber sem amar?

sábado, 3 de maio de 2008

Once upon a time...

difícil saber o que se passa
no silêncio
esse vazio de significado
essa ausência de sentido
um buraco negro, silêncio é vácuo
silêncio suga
silêncio dói e destrói.

me faltam letras
me falta coragem
me falta um sim
impossível entender tua falta de palavras
tuas mãos trêmulas
teu jeito assim, que corre de mim...
teu medo me assusta, isso sim.

de um sonho

ontem sussurrei canções velhas, de ninar
ao pé da tua alma distante
- sedenta de teu hálito e tuas asas -
ouviste?
ontem gritei baixinho teu nome
inspirei teus odores que ainda ficaram (e estão) em mim
- meus dedos e meu desejo escorregavam pelas paredes -
sentiste?

há em minha pele cantos só teus
ainda não tocados
que guardo, enquanto pretendo aqui o teu toque

um misto de mãos e saliva e pele
são tudo e apenas o que sinto
quando teus lábios tocam os meus
quando minha língua corrompe tua boca,
explorando o teu céu, tuas nuvens e teus dentes.

e quando teus braços me invadem,
e me jogam contra esse muro que é teu desejo fêmeo,
são então os meus olhos que, fechados, escondem a vertigem, o medo,
e o meu amor.
meu grande amor.

sábado, 12 de abril de 2008

Da indiferença

Hoje pensava sobre a capacidade de tranformação das pessoas. É sabido, e de conhecimento mais do que comum, que ninguém muda "para sempre". Como diz meu amigo querido, arrancar qualquer característica da personalidade de uma pessoa é como tirar-lhe um braço. Mutilação, violência. Então, amantes e rebeldes, tende paciência.
Mas a transformação acontece em certos momentos, exclusivamente por vontade própria, e dura um período determinado. Pode-se aceitar de tudo, quando se quer, mas não por muito tempo.
Me sinto mudada ultimamente. Muito. E não sei se isso tem me feito bem. Sinto meus sentidos como que anestesiados, uma grande indiferença em relação ao ambiente que me cerca. Mudei porque quis, claro, e tenho aceitado algumas coisas que não aceitei em momento algum de meus 28 anos de vida. Não reclamo, não me queixo, tampouco acredito ser vítima ou um ser passivo no processo. Pelo contrário, por me saber protagonista posso filosofar sobre minha arte camaleônica e analisá-la à luz de meus sentidos dormentes.
Essa indiferença cruel faz parte de um contexto maior, de regressão. De riso fácil, de felicidade imediata e culto ao presenteísmo. Me sinto bem, é verdade, com esta última parte. :-) Mas por vezes preciso tirar o time de campo, me recolher a mim. Voltar para casa. Porque me esgoto, como atriz. Represento e recrio o que conheço, não tenho capacidade de improvisação neste cenário. Sou diferente e sou mais completa quando sou eu mesma. E esse é meu palco: as luzes que me favorecem são as da literatura, dos bons filmes, a trilha sonora são boas músicas, minhas falas vêm de minhas pesquisas, de meu mundo fechado. Sim, ele é fechado. Eu sou. Assim, me somo três quartos e me divido apenas um... é o que posso dar, senão eu durmo. Se não me falas nada de novo, eu acho chato. Se eu não te acrescento, ainda pior. E rir pode ser o melhor remédio, mas não é o único. Vivo sem este mundo etílico, e de cirrose afetiva é que não morro. Por overdose de afeto, sim. Talvez. É essa a única droga que não me entedia.

sexta-feira, 21 de março de 2008

para meu irmão

a sensibilidade dele machuca.
porque ele não sabe da beleza que traz nos olhos,
da doçura que tem esse jeito assim,
descompromissadamente brilhante que tem.
ele sabe das pessoas, porque sente tudo
e sofre calado.
ele guarda os pecados do mundo.

um dia tu vais saber, meu irmão, de verdade
o quanto eu te amo.
um dia tu vais acordar, meu irmão
e atirar o universo pra longe,
e descobrir que a só a tua dor é tua,
e que a dos outros,
bem,
a deles também vai passar.

drunken writing

Uau, acho que ainda tô bebada. Que noite maluca! Sabe, dessas que a gente acorda meio sem saber o que aconteceu, ou sabendo O QUE mas não como... não deu nem para dormir, e é quando a gente dorme que organiza as idéias... é quando esquecemos, na verdade, quando os acontecimentos assumem a dimensão que deveriam ter nesta tão sóbria realidade. Acho legal isso, a gente dorme e as informações são como que suavizadas para que não enlouqueçamos, é uma coisa mais ou menos assim. muito bom isso! será que é alguma substância liberada no cérebro? e se é (o que é bastante provável) porque ainda não inventaram pílulas disso? Substituiria o sono e amenizaria a loucura dos insones e dos vampiros.
De qualquer forma, hoje o jeito é ficar meio pirada mesmo... o que não é exatamente ruim. O problema é o álcool no sangue. As coisas estão todas assumindo uma dimensão diferente. Uma realidade vista com outra lente, outros olhos. Sabe como é? Quando a luz do pôr-do-sol vem iluminar o mundo, e o reflexo dela faz com que tudo adquira uma ultra (ou seria pseudo?) realidade. Bah, isso eu só vou saber depois de dormir.

quinta-feira, 13 de março de 2008

We may never, never meet again

Que cara burro! Porque falo com ele ainda? Será a solidão? Solidão é lava que cobre tudo... cobre nada, deixa exposto! Ontem ainda vi aquele programa que tem uns enquadramentos estranhos e uma câmera que fecha e abre de repente, edição maluca tb, o nome não lembro. Em uma das falas o advogado protagonista diz que "a solidão é caçadora". Concordei na hora, dei muita risada. Isso não vem a ser exatamente profundo, mas é uma verdade, para mim, incontestável. Aliás, cheia de gracinhas essa série, embora seja sobre advogados, com certeza vou assistir mais vezes. Mesmo com aqueles movimentos estranhos que embaralham os olhos, vale o esforço. Tem cenas hilárias, um humor meio pastelão com sacadas inteligentes.

As far as I concern, it's a lovely day

Agora é Pat Matheny que toca, e eu sinto uma energia estranha por aqui. Talvez esteja em mim, talvez no cigarro, talvez até na música ou nos miados que parecem de um gato com dor. Ou seja apenas a falta de companhia, não sei. Costumava ficar bem, só. E fico, ainda, como naquela música que sempre lembro do renato russo "e dizem que a solidão até que me cai bem". Acredito que ela combine comigo. Sou uma boa companhia, afinal, para mim mesma.
Mas hoje queria que ele estivesse aqui. Hoje queria os beijos, os braços. Ops, me entreguei. Agora, foi, deixa, não tenho vergonha de dizer que gostei. Sei que isso tudo é delírio, que não existem tais coisas senão dentro de mim, que não existe este homem senão aqui. Mas eu gostei, e eu não sei gostar... não assim. Não sem sentido, não sem total entrega. Não vejo graça, enfim, quero é surtar mesmo, por que não? Quero entregar meu corpo e inventar cenas com ele, criar jogos de caça. A diversão do sexo não está no ato, mas no desejo, no delírio e na intimidade que só vêm com essa vaidade, que é como eu chamo a sedução. A vaidade no sexo, isso me atrai, me deixa de quatro. Subjetivamente, claro.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Bicho

Hoje entrou um bicho no meu olho, Agora há pouco. Odeio quando isso acontece. Tenho mais ou menos umas duzentas variações de alergia, não é incomum surgirem bolsas inchadas por causa de uma mosquinha de banana ou qualquer coisa voadora que resolve pousar em mim. Eles não têm o mínimo respeito, estes insetos. Chegam junto mesmo, não perguntam se devem, se podem, se são bem-vindos. Ora, no olho! O OLHO. É meu, né? Respeito! Depois fico mal, ainda tenho alergia aos anti-histamícos. E as pessoas me chamam hipocondríaca. Ah, tive que aprender um pouco sobre remédios e venenos para me proteger deles. Aliás, acho legal esta consiciência (que nem todo mundo tem) de que eles são a MESMA COISA, só diferem na dose. Remédio mata. Isso deveria vir escrito na bula de todos eles.
Esta sensibilidade e hiperatividade das histaminas no meu corpo, na verdade, falam muito mais sobre mim do que percebem os seres sapientes que me rodeiam (como moscas?). Sou muito sensível, e me atrapalho bastante com isso. Compreendo sensibilidade como a condição de perceber e estar vulnerável ao mundo, a tudo o que me cerca. Às pessoas, aos gestos, às palavras, aos vícios, aos pensamentos, às idéias. Às saudades também. Já me perdi mais, é verdade, já sofri mais, hoje tento o equilíbrio. Mas sem estes papos místicos e religiosos, porque acho religião coisa de preguiçoso, de quem não quer pensar e evita fazer muitas perguntas ou ir muito a fundo naquilo que duvida. Pois eu duvido. Muito. Pergunto, mesmo. Desconfio. Bem, um dia chego lá. Um dia eu consigo que o mundo desista de entrar no meu olho.

Foi...

Foi. Sem pensar, ardendo, queimando, foi. Sem medo, passional. Ela queria, ele pediu, ela mandou. Aconteceu, como sempre, se entendiam assim, ele fazia concessões à sua fragilidade. E ela brincava de predadora, gostava de sentir o homem que tanto queria em suas coxas. Mesmo que fosse assim, tão doído e difícil. Queria agora mais do que nunca.
Foi. Sentia o corpo de novo, sentia aquela mulher que fora e esquecera – adormecida, não morta – em um canto bem escondido do quarto e da alma. Talvez não fossem apenas concessões e brincadeiras, talvez fosse somente ela, sendo desesperadamente ela. De novo.

Sobre teu nome

Amo teu nome. Como amo as coisas de que preciso, com minha alma e dor, amo teu nome. Desejo estas letras, porque são elas, para mim, aquela poesia puta que é a maldição que trago comigo e que me afasta da paz. Lembram meu furor, falam ao útero e ao íntimo do meu corpo. E eu te desejo quando chamo e amo teu nome, esta seqüência de sons mentirosos, construídos na ilusão de significado à qual só se apega quem quer brincar. Por isso eu preciso, eu grito, eu corro e amo, enquanto quardo o sexo para ti, seguro os lábios e pretendo um solitário beijo de língua.

We are all made of stars

Tenho cantado mais, me divertido mais, até minha casa está mais arrumadinha. É, assim, diminutivo mesmo. Porque nem ele pode fazer milagre. Sinto que algo grande mudou. Uma informação nova, uma realidade nova surgiu e a certeza de que ele também sente, ou pelo menos sentiu, muda tudo. Alimenta minha fantasia. E assim, eu posso lembrar aquilo que foi tão bom e saber que para ele foi também. Estávamos em sintonia. E acho que ainda estamos. Não consigo evitar, tenho dúvidas vibrantes que vêm e tomam conta de mim. Sonho com ele, são sonhos doídos, como eu já disse, mas isso é tudo. Fantasias, projeções. E que fique assim, no campo das idéias, porque o lúdico só faz sentido quando considerado no seu próprio universo, sob suas próprias leis e lógicas. Não funciona no mundo real. Ou não? Seria esse nosso eterno movimento? De sucessivas e teimosas tentativas de encaixar o sonho na realidade?

Desabafo

Sinto tua falta. Que loucura, não é mesmo? Já não sei o que faço, é como se tua alma me acompanhasse ao longo dos dias. Pouco importa para onde eu vá. Mesmo quando fico, estás comigo. Mas só converso contigo quando sento aqui, que é quando me enxergo - refletida nesta tela iluminada. É quando te encontro, é como eu esqueço, lembrando. Só assim para resistir. Disseste que não queres complicar minha vida. Eu concordei, mesmo sem entender. E hoje me arrependo de não ter te perguntado: o que isso quer dizer? Me contaste tantas coisas, acho que também foi isso uma forma de tentarmos nos fazer íntimos de novo. Como se em uma noite pudéssemos compensar uma distância mantida por quase três anos! Mas conversamos pouco. Nos mostramos pouco, reservados, com medo do rídiculo do não. Ridículo que eu conheço bem, aquele não ainda dói quando eu deixo. Ficamos nos olhando, admirando, surpresos. Era real, então? Mas, se era real, e agora? O lúdico tem sentido nele mesmo, porque pode ser fantasiado sozinho. Mas, e o real? Existe ordem no real? Controle? Vivemos com medo, todos vivemos com medo. E é assim que conseguimos obter tanto sucesso com fracassos. Temos medo do ridículo do não. Mas não posso te dizer isso. Não eu, que já fui tão machucada, exposta. Eu nunca te deixei dúvidas, e hoje eu choro porque tudo o que eu queria era ser feliz, senão ao teu lado, pelo menos estando um pouco mais próxima de ti.

terça-feira, 4 de março de 2008

segunda postagem

Ouvindo Mika, digitando, não suporto mais falar com pessoas sem vê-las, ouvi-las, senti-las. E esse sentimento que não me abandona, essa vontade de fazer uma loucura!! Sai, obsessor. Vai embora de mim. Esse corpo te pertence, mas não hoje. É terça-feira e preciso me adaptar à rotina desta cidade de merda, esse lugar que dorme de segunda à sexta e ainda acorda de ressaca no sábado.
Já nem sei se quero que tu ligues, ia ser chato. Eu estou chata e tu também não é uma pessoa exatamente brilhante. Tu me cansa um pouco. Bem, hoje até mesmo aquela pessoa me cansaria. Essa última parte fui eu falando sozinha.

primeira postagem

A hitória se complica. O fim dos dias de paz parece próximo. Por que diabos é tão difícil a gente deixar de ser a gente mesmo, essa pessoa chata e tão cheia de defeitos? Eu sei, aí lembro minha psicóloga (maravilhosa) e - não sei por que - me sinto culpada. Acho que é porque no fundo eu sei que devo me amar, me amar como sou, e compreendo que toda dor e toda luta só são válidas se forem sentidas ou travadas em nome da auto-aceitação.
Mas que eu queria dar uma volta de mim um dia desses, ah isso eu queria! Acho que é por este motivo, afinal, que as pessoas procuram e usam tanto entorpecentes. De todas as variedades e previsões no código penal possíveis. É para dar uma banda delas mesmas, saírem para se divertir, deixar de sentir a dor de serem elas mesmas... e quando minha mãe e meu pai vinham com esses papos de que "usa droga quem quer fugir da realidade" eu achava careta. Esses velhos não sabem de nada! A gente usa droga para se divertir, eles tão por fora. Claro, eu, no auge da minha sabedoria dos 13 anos. hehehh Aliás, só para registro, nunca me senti tão sábia quanto naquela época; ainda bem que passou! OU SERÁ QUE NÃO???


por um segundo achei acreditei rastejei
tu nem notaste
porque de toda a dor, a maior é a não-dita
a mentida
aquela que a gente finge e nega.
eu podia te amar
podia te ter como sempre tive os homens, as mulheres, os segredos de todos.
mas não te quero, porque não posso, já não posso amar
já não tenho nada para dar
e nem sei receber, já que dizem que o movimento é esse...
um dia eu aprendo
mas até lá
vou me vingando.

Roberta Lisse